21.11.08

Merda, me bateu um enjôo. Estou enjoado desde que acordei. Não quero vomitar os pedaços da linguiça que requentei com arroz para a janta. Não durmo bem fazem meses e, por sinal, anotei o último sonho que tive, e a data. Fazem trinta e sete longos dias cinzentos. Não aguento mais os invernos londrinos. Prometi a mim mesmo que será o último ano que passo nesse lugar.
Estou tentando me lembrar do que se tratava o tal sonho. Um on the rocks vai facilitar minha memória, considerando que o dito bloco onde anotei jaz perdido debaixo da montoeira de relatórios que emporcalham a pocilga onde moro. Sim, lembro agora. O sonho era sobre relatórios. Eu não aguento mais relatórios, nem Londres, nem o frio. Estou com saudade de Emily e do meu pequeno desconhecido Mike.

Era isso. O que eu relatava no sonho não era a prestação dos serviços de manutenção telefônica do Camden. Eu listava as vezes em que me arrependi da minha decisão de trocar a grande paixão de minha adolescência por um sonho egoísta longe de Darlinghust, eu ficaria rico em seis meses! Treze meses depois fiquei sabendo da gravidez do meu anjo mau. Mas a grande e definitiva dor veio quando ela me mandou o primeiro desenho que meu filho fez para mim. Ele tem três anos agora, gosta de aviões e de um super herói japonês impronunciável para mim.

Merda, preciso de mais uma garrafa, estou enjoado mas não vou vomitar. Preciso provocar a dor ao máximo para ver se a reverto. Meu castigo é uma ordem, senhor. Seu perdão é minha súpli-

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