15.9.10

Cartão Postal

sequência interminável de eventos degradantes. Ainda que tivesse plena consciência de que era o próprio responsável por tais desgostos, achava oportuno considera-los puro azar.

O sujeito gordo do bar aproximou-se novamente e dessa vez forçou um diálogo: - Os arrependimentos são, sim, necessários. Não tente convencer-se do contrário, meu amigo!
- Não pretendo... - disse fitando o chão.
- Todos julgam os arrependimentos de forma errada! Eles nos servem de consolo para saber que a vida poderia ter sido bela de outra forma, não lhe parece? Eu, por exemplo, sempre tive muitas mulheres, mas casei-me com uma ordinária. Não me parece gentil maldizer a vida somente por uma escolha errada que fiz... por causa de uma vigarista!

Transik sempre compartilhou de semelhante opinião, mas queria evitar a conversa com aquele sujeito embreagado. Anuiu com a cabeça e fingindo pressa deixou uma nota de cinquenta no balcão antes de retirar-se do bar.